Um conto de Marcela Araújo Alencar
Eu estava muito chocada, descobri que Beatriz, minha amiga e colega da faculdade que se formou junto comigo, tinha se separado do marido e que agora, se tornou uma prostituta de luxo, usando seu apartamento para levar seus “clientes” a quem cobrava uma grana preta se valendo de seu corpo que a todos encantava. Soube disso quando a encontrei por acaso num salão onde fui fazer depilação. Fazia alguns anos que não nos víamos e foi aquela farra nosso encontro e, como eu estava livre de meus compromissos profissionais, aceitei o seu convite para passarmos a tarde juntas, relembrando nossos tempos de universitárias. Nós duas e mais Stella, disputávamos quem conseguia foder com mais colegas e eu me gabava de sempre levar a melhor e até hoje ainda tenho orgulho disso, as duas colegas sempre perdiam para mim. Eu usava meu corpo para isso. Bastava “estalar” os dedos e a rapaziada vinha babando pra minha cama. Na realidade elas tinham um ciúme velado de mim, pois apesar de serem bonitas e bem-feitas de corpo, eu era a mais bela e informalmente, entre a rapaziada, era conhecida como a “putinha mais gostosa” de todo o campus universitário.
Mas estes tempos de diversão ficaram no passado e hoje estou casada e bem casada. Bia disse que também se casou, mas que há três anos tinha se divorciado e que agora livre, podia fazer o que bem entendesse de sua vida. Ela, curiosa, indagou o que eu fazia atualmente e eu lhe disse tudo a meu respeito.
– Antes mesmo de me formar, fui fazer estágio numa grande empresa de tecnologia da informação, acho tens conhecimento disso, Bia. Pois é, depois que me formei, fui contratada e até hoje, ainda trabalho lá, mais agora como gerente do setor de IA.
-Nossa, Helena, todos estes anos na mesma empresa! Que maravilha, amiga!
– Nem tanto, Bia, se contar o tempo de estágio são nove anos, apenas.
Meu marido é engenheiro civil e estamos casados a cinco anos e ele não se importa que eu exerça minha profissão. Ele ganha bem, mais eu recebo mais que o dobro do seu salário. Ainda por cima tenho a vantagem de ter um emprego que não me obriga a sair das instalações da empresa, já o coitado do Fernando, fica pulando de galho em galho, já que é inspetor de obras e tem de vistoriar todas as obras tocadas pela construtora em que trabalha.
– Bia, eu lhe falei de minha vida e agora quero saber da tua, além de estar divorciada, o que fazes da tua vida?
– Já que temos a tarde livre, vou te levar ao meu apartamento, no centro e lhe mostrar o que faço na minha vida de “solteira”.
Fiquei muito curiosa, mas Bia não quis me falar nada até que chegamos . Um prédio de luxo numa avenida central. O apartamento de Bia fica no 13º andar e fiquei de boca aberta com o que vi. Conjunto de móveis de luxo decorando todos os cômodos. Três quartos suítes com camas de casal e até com geladeiras, destas de quarto de hotel.
– Minha nossa, Bia! Se você mora sozinha, porque tudo isso? Como pagas todo esse luxo, criatura?
– Helena, eu não moro sozinha. Tenho duas garotas que residem aqui comigo e cada suíte é usado por nós três, é onde recebemos nossos clientes.
– Que negócio é esse de clientes?
– Não sejas burra, amiga. São nossos clientes, todos escolhidos a dedos, que nos pagam por poucas horas de prazer.
– Nossa…!!!
– É isso mesmo, amiga Helena. Eu ganho dinheiro, muito dinheiro, fazendo o que mais gosto e, o que eu, você e Stella, fazíamos de graça; tá lembrada. Fernandinha está com casamento marcado e não quer mais ganhar dinheiro com a suíte 3. O noivo dela é cheio da grana e ela quer ser uma esposa bem-comportada. Então, estou lhe oferecendo a suíte pra você. Como és minha amiga, basta me pagar 20% por cada cliente. Aceitas minha proposta, Helena?
– Puta que pariu! Lógico que não, criatura! Estou noutra…. estou chocada com você. Como pode ser tornar numa prostituta e achar que eu poderia compactuar com toda essa tua putaria?
– Não venhas bancar a santinha comigo! Você era a mais puta de nós. Está lembrada de como eras conhecida…. “A putinha mais gostosa” de todo o campus universitário.
– Isso ficou no passado. Nunca vendi meu corpo, como você está fazendo!
Saí do apartamento de Bia, batendo a porta, furiosa por ela me fazer proposta tão nojenta. Ela se tornou numa criatura obscena, uma puta, uma libertina. Eu lhe disse tudo isso e mais, que não a considerava como minha amiga, a partir de hoje.
Eu nunca fui santa e ainda hoje não o sou. Mas fazer sexo a troco de dinheiro, nunca. Gosto, como sempre gostei de dar meus pulinhos fora de casa, mas não por dinheiro, que não necessito. Faço porque gosto e porque sei que basta “estalar” os dedos e os homens babam para me terem.
Nove anos antes
Helena estava muito aflita, queria muito ser indicada para aquele estágio. A empresa de tecnologia da informação é uma das mais importantes do ramo no país e estava buscando na universidade uma pessoa, preferivelmente uma jovem, para o estágio.
Ela, uma ótima aluna estava concorrendo com outras duas colegas; igualmente com excelentes formação acadêmica e que já tinham alguma experiencia em sistema de processamento de dados. Assim sendo, Helena sabia que estava em desvantagem e que teria de fazer algo para ser a escolhida.
As três jovens indicadas, seriam entrevistadas pelo RH da empresa, em dias distintos. Para desânimo de Helena, Matilde e Karla a antecederam. Então ela fez uso da arma que dispunha, o seu belíssimo corpo, que sabia ser desejado pelos homens e até por algumas mulheres. No dia aprazado, se apresentou a entrevista, devidamente caracterizada: “Uma Jovem, tímida trajando um vestido ajustado ao corpo, com um decote generoso e uma saia habilmente exibindo um palmo acima dos joelhos. Estava sendo desleal, pois suas colegas, em beleza, ficavam mil anos atrás dela.
Resultado, o velhote chefe do RH, todo risonho a comeu com os olhos quando se sentou para a entrevista. Acha que se saiu muito bem, pois o sujeito lhe fez perguntas mais sobre ela, do que sobre o tema inerente ao cargo. “solteira, residindo no campus universitário, sem namorados, família pequena do interior do estado, etc, etc…”
Uma semana depois estava nas enormes dependência da empresa, em meio expediente, sendo treinada, sempre por homens, que faziam questão de serem seus instrutores.
Gentil, simpática, nunca se negou a almoçar com alguns deles, antes de retornar ao campus universitário. Poucas semanas depois, o mandachuva da empresa botou os olhos na estagiária e fez questão de ter um tête-à-tête com a bela jovem. Ele, casado com dois filhos já adultos, ficou um tempão, no seu escritório, “conhecendo” Helena.
*****
O digno senhor Maristelli, estaciona o carro no estacionamento de um luxuoso motel e pelo elevador interno, ao lado de Helena, se dirigem à suíte previamente reservada. Ela, raposa velha, não nega nada ao seu chefe, e o faz ir a lua e voltar, chupando o caralho do velhote e engolindo com gula o esperma vertido pelos senhor Maristelli. Ele tem um pau pequeno que nem faze cócegas em sua faminta buceta ou no ânus; entretanto compensa seu bichinho, usando a língua com maestria. Helena explode em orgasmos múltiplos quando a sente em sua fornalha.
Em questão de meses, ela deixou os alojamentos do campus universitário e foi residir no apartamento que ganhou de presente do velhote. Lá ela o recebia uma vez por semana. Mas fogosa como era, se “divertia” levando para sua cama, alguns outros “amigos”, mas o único que a satisfazia plenamente era o encarregado do almoxarifado, um gigante negro com pouco mais de dois metros e um pau proporcional ao seu tamanho que ele sabia “usar” com perfeição. Helena quando o recebia ficava entalada com o monstro dentro de sua vagina ou na bunda. Na boca, só cabia a cabeça e nada mais e, quando ele esporrava, a força do jato em sua garganta era impressionante, mas Helena, sádica, mesmo se sentindo magoada em seus três buracos, alucinava em gozo.
Quando se formou, um ano depois, já tinha um importante cargo na empresa, com excelente remuneração, tudo graças ao seu “excelente desempenho” profissional (e na cama), não só com Maristelli, como com outros chefes de departamentos.
Para Helena, o sexo é o hobby que ela mais gosta, e o pratica com habilidade e criatividade e nenhum dos amantes, sabe da existência dos outros.
Tudo aparentemente, para Helena, tomou novos rumos quando conheceu Fernando, um belo e jovem garanhão, engenheiro civil e se apaixonou por ele e se tornaram amantes, mas nunca o levou para o seu apartamento (matadouro) e seus encontros amorosos foram sempre no seu apartamento de solteiro..
Helena disse “sim” quando a pediu em casamento, isso há cinco anos. Cada qual em sua rotina profissional, ele como inspetor de obras da construtora em que trabalha e Helena como gerente do setor de IA.
Ela gosta muito do sexo com o marido, e o fazem com frequência. Fernando e Helena, se satisfazem mutuamente e para os dois não há limites, vale tudo. Entretanto, ela tem um segredo que esconde do marido. Ainda é proprietária do apartamento que ganhou de presente, do seu antigo chefe e lá, ainda pratica seu hobby preferido. Disso Helena não abdica, só que agora escolhe a dedos quem recebe lá, optando sempre que seja do tipo do ex encarregado do almoxarifado, negro grandão e musculoso, nos dois sentidos. Helena nunca esqueceu do seu gigante negro.
Só que agora, por ser uma mulher casada, que ama o marido e com os compromissos profissionais, lhe resta pouco tempo para o seu hobby. Uma vez por mês e as vezes nem isso.
Quando Fernando se ausentou da cidade por uma semana, para inspecionar a construção de uma ponte que estavam construindo em outro estado; Helena regozijou-se, finalmente tinha um tempinho maior para exercitar o que mais gostava.
À noite, no seu carro, vestida a caráter, saiu a “caça”. Rodou por shoppings, casas noturnas, mas não encontrou ninguém digno de seu interesse. Nas adjacência do centro urbano, se encantou com uma casa noturna, espalhafatosamente com luzes coloridas piscando em sua fachada. Levou o carro para o estacionamento e pelo portão principal adentrou no lugar, bem pouco iluminado, com poucos frequentadores, a maioria casais, muitos de etnias distintas e alguns homens e mulheres “lobos solitários”.
Foi um choque para ela. Quanto pôs os pés no enfumaçado salão, com toda sua elegância loira, vestindo um vestido de grife famosa, com um generoso decote e curto o suficiente pra deixar quase metade das coxas a descoberta, ocorreu um silêncio constrangedor, com todos olhando a recém-chegada. Helena no mesmo instante, se sentiu como um peixe de aquário em água salgada a beira mar.
Constrangida, fez menção de retornar quando sentiu o fedor de alguém a segurando pelos ombros por trás. Um mulato enorme, pesando quase como um elefante, e com “cinco” metros de barriga, era o autor da proeza.
– Seja bem vinda em nossa casa, você deve ter se equivocado, mas nós nos sentimos honrados com dama tão granfina nos visitando e fazemos questão que nos brinde com sua presença. Pode escutar gargalhadas ao seu redor, em reposta a locução chula do sujeito.
Sob tímidos e temerosos protestos, foi sendo “gentilmente” empurrada para uma mesa num canto do salão e alguns dos “lobos solitários, se aproximaram, disputando quem teria a honraria usar a mesa da “gostosa loira”. Não foi um, foram logo dois deles, que ao seu redor, ficaram olhando com nenhuma cerimônia os seus seios, mal cobertos pelo decote que ia quase até o meio do seu ventre. O mulato a sua direita fez um gesto com a mão e uma garçonete, novinha, vestindo somente um avental na cintura e com os seios pontudos a mostra, surgiu ao lado de Helena.
– O que tu quer, Celestino?
– A madame aqui, vai pagar uma rodada pra mim e pro meu primo Edu, não é gostosa?
Helena, tremendo de medo, com o coração querendo saltar pela boca, apenas fez um leve sinal com a cabeça. Logo depois, a peituda retornou, trazendo na mão uma garrafa de aguardente e três copos na outra mão e ficou olhando acintosamente para o colo de Helena.
– Tu tem uns peitões lindos de morrer, mulher! Cuidado com esses dois do teu lado, sei por experiência própria que eles quando chupam as mamas de alguém gostam de morder.
– Dê o fora, safada! A nossa convidada não quer saber de tu.
– Não antes dessa aí, pagar o que pediram.
Helena, com mãos trêmulas retira de sua bolsa de tecido da mesma cor do seu vestido e entrega morena, uma nota. Ela pega a cédula e balança a cabeça rindo e diz que agradece a gorjeta e vai embora.
Helena engole em seco, saí do seu torpor e com e voz tremula
– Tudo bem rapazes, gostei de estar com vocês, mas tenho de ir embora.
– Ok mulher, mas primeiro tens de tomar uns goles com a gente, afinal foi tu que bancou.
Helena agradece e ,informa que não gosta de cachaça e que já está atrasada para seus compromissos. O mulato que até agora, se mantinha calado, sem tirar os olhos dos seios, todo exposto, fala ao outro:
– Se a “loira boazuda” não quer beber com gente e quer ir embora, tudo bem. Mas lá fora é perigoso pra uma mulher sozinha. Vamos com ela, só para evitar que seja atacada.
Helena, não é boba e sabe muito bem o que eles pretendem e diz que não necessita, que sabe se defender sozinha, mas eles insistem, com certa rudeza. Eles se levantam, apanham a garrafa de aguardente e “gentilmente” vão a empurrando pra fora. Ainda pode ouvir o comentário de zombaria do negro de cinco metros de barriga:
– Cuidado, ela é muita areia pro caminhão de ocês dois
*****
Fernando com a mais profunda tristeza que tomou conta dele, deste que sua querida esposa desapareceu, há pouco mais de três meses, chega em casa e vai ao seu quarto e chora ao ver o armário de Helena, repleto de suas roupas, bolsas, sapatos e tudo o mais que uma mulher vaidosa e organizada mantém em perfeita ordem. Deitado
Quase quatro horas, na madrugada fria e nublada de uma noite de inverno, pouco se divisa o barraco de Edu e Celestino. Lá dentro, nua e deitada num estrado, sobre um fino e fedido colchão de palha, Helena geme de dor, com o corpo moído de pancada. Os primos a surraram sem piedade, quando como uma leoa enfurecida, mordeu, aranhou e dificultou como podia que a estuprassem, numa luta inglória e covarde. Dominada sob pancadas, suas roupas foram rasgadas e respirando com dificuldade, foi estuprada com estrema crueldade.
Eles se divertem enquanto a penetram em dupla, a mordendo com força os ombros e pescoço, de onde o sangue escorre abundante. Durante horas sob intensa e estupida violação, seu corpo foi massacrado. A obrigaram a beber quase meia garrafa da ordinária aguardente e a engolir uma quantidade enorme de porra.
Ao amanhecer, a dupla saqueou tudo que era de Helena; carro, dinheiro, celular, identidades e a joias que ela portava. As roupas, em pedaços, foram jogadas fora, como trapos, mas os sapatos italianos que calçava, também foram negociados com atravessadores. Trancada durante dias, como puta dos dois monstros, pedia que a matassem, pois não estava mais aguentando ser violentada diariamente sob intensa pancadaria.
Duas semanas depois, Helena, doente, magra e com o corpo coberto de cicatrizes, não mais despertada a tesão dos primos e sadicamente, a entupiram de drogas e de cachaça e a empurraram ladeira abaixo e o corpo inconsciente, rolando foi detido a beira de uns dos lixões da comunidade do “Sol Poente”.
Ao amanhecer, o corpo de Helena, coberto de formigas e sob o olhar de abutres, jazia a beira da montanha de lixo quando foi avistado por duas velhas senhoras da comunidade, que horrorizadas, puxam o corpo do “presunto” pelos pés espantando os alados comedores de carniça e logo, com a algazarra da duas, se formou em torno do corpo, grande números de “catadores de lixo”, que condoídos, mesmo de longe, observavam o “presunto” dos muitos que eram desovados ali.
Quase uma hora depois, o rabecão do IML, chegou ao lado de uma viatura policial. Foi com enorme surpresa que o sargento Rodrigues, ao olhar o corpo, há um metro dele, viu o peito do “cadáver” subir, como se fosse uma débil respiração. Será que!!! Não… deve ser os gases estufando o corpo da morta, deve ser isso. Mas não foi assim que o funcionário do IML viu. Sem os temores de Rodrigues, virou o corpo para se posto no saco preto, quando percebeu imediatamente que o “defunto não era defunto”.
*****
Um mês mais tarde, uma mulher magra, anêmica, luta pela vida, com grave infecção dos órgão genitais, agravado com os tecidos da pelve danificados. Está internada numa enfermaria comum de um hospital público. Como sabemos, nestas condições, não recebe os devidos cuidados. Apesar de Eduarda, a investigadora, da delegacia da mulher, empenhar seus esforços, ainda não conseguiu identificar a mulher loira encontrada quase a morte, num lixão da Sol Poente.
O Intrigante caso, impressionou a todos, de forma que a pedido da policial Eduarda, uma amiga, repórter, fez uma tomada e a foto da mulher desconhecida apareceu, no meio de um breve encarte que informava, como e onde ela foi encontrada.
Helena recebe alta da clínica, onde ficou por noventa dias. Não é mais a Helena de antes, a putinha mais gostosa” do campus universitário ou a proprietária do apartamento, onde se entregava ao sexo, com quem escolhesse. Não tinha mais fome de sexo. Abandonou o cargo de gerente do setor de IA e, seu único hobby, agora, é amar seu marido e apreciar como nunca o sexo com ele.
FIM
Seja Premium